top of page

Por trás das páginas — Quem sou eu?

Atualizado: 5 de set.


Há algum tempo decidi reescrever o meu futuro e tentar esquecer o percurso que trilhei até aqui.


Contudo, essa é, sem dúvida, a parte mais importante: o caminho percorrido, os seus obstáculos e as suas conquistas.


Vamos lá, recuar ao princípio.


A escrita começou bem cedo. A escrita mais elaborada veio só mais tarde. Quando era pequena, criei um pequeno livro, feito à mão, com desenhos meus e recortes de revistas, que se chamava "O meu livro de profissões".


Na minha cabeça, não fazia sentido limitar-me a uma única capacidade ao longo da vida; podia ser múltipla.

Às segundas, veterinária; às terças, trabalhava numa biblioteca; às quartas, dedicava-me à pintura; às quintas, escrevia para jornais Assim, tinha imaginado a minha carreira com uma carga horária de quatro dias, e três dias de descanso. Num mundo em que podemos ser tudo por onde começaríamos por decidir?


Foi na quebra da inocência em transição para adolescência, que esses planos mudaram. Antes de terminar o ensino básico, a escola ofereceu-nos a hipótese de realizar um teste de aptidões para tentar perceber em que área nos encaixávamos. Foi com surpresa e um certo choque que recebi a sugestão: "Forças de seguranças". Baseada talvez na confiança daquele teste, e porque na minha família tinha pessoas que integram esse ramo, decidi, no último ano do secundário, candidatar-me às forças policiais. Treinei durante um ano, adaptei uma nova atitude e estilo de vida, e tornei-me outra pessoa. Vivi o sonho de outra pessoa. Foi na última prova dos exames físicos a corrida de mil metros em volta do Estádio de Jamor, que a realidade começou a transparecer. Eu nem gostava de correr. O que estava ali fazer? E, pior quem era eu, afinal?

As provas anteriores tinham sido um sucesso, mas, como é habitual, a mente prega-nos partidas. Foi durante essa prova, que a minha mente atraiçou-me, ao ver a ser ultrapassada por outras concorrentes. O resultado foi um chumbo por quatro segundos.


Aqueles quatro segundos, praguejados pela minha mãe e chorados por mim, mais tarde tornaram-se a minha salvação a minha fuga.

Porém, ainda estava longe do objetivo final. Cometi outro erro.


Dado a ter carregado as minhas esperanças nessas prova, a entrada na faculdade passou a ser a segunda alternativa. Escolhi um curso que me permitisse ganhar dinheiro. E foi assim, que tirei um curso de solicitadoria, durante um ano.

Posteriormente, ingressei nos estudos em Linguística, e posteriormente, na especialização em ensino de Português como Língua Não Materna. Porém, no meio de trocas e desilusões, a vida deu-me outra virada: farta de passar a maior parte da vida a estudar, decidi colocar a dissertação como plano de fundo e ganhar experiência no mercado de trabalho. Trabalhei em várias áreas, desempenhei vários cargos, realizei tarefas distintas desde realizar trocos numa caixa registadora até coordenar o stock de sapatos, até, atender telefones e fazer check-ins.

Foi no último cargo, num dos poucos momentos livres que tinha, que percebi que, apesar do conhecimento adquirido em universidades e da experiência acumulada em diversos setores, faltava-me algo que me proporcionasse a verdadeira satisfação e realização pessoal algo que preenchesse aquele vazio que carregava comigo para onde quer que fosse.


Foi então que me lembrei do meu antigo sonho: o livro de profissões.


E foi nesse momento que escrevi o meu primeiro manuscrito de poesia. Hesitei. Voltei a abri o e-mail dezenas de vezes, com receio, com medo.


Por fim, cliquei em "enviar".

O resto, como dizem, é história.

Comentários


bottom of page